TEXTOS PRODUZIDOS PELOS ALUNOS DO EDUARDO SILVEIRA - 2014

O racismo no Brasil

Martin Luter King, com o discurso "Have dream" na segunda metade do século XX, já expressava sua vontade de não haver diferenças de tratamento entre as raças. Nos dias atuais, mesmo com os direitos dos negros assegurados pela lei e a grande carga de  informação referente ao respeito às diferenças, ainda há casos de práticas racistas. É preciso questionar-se como eliminar de vez essa chaga da humanidade.
No Brasil, desde que a escravidão foi abolida no final do século XIX pela Princesa Isabel, o negro ganha "status" de cidadão brasileiro. Contudo, ficou somente no papel, visto que após a lei ser sancionada eles ficaram à margem da sociedade sem ter onde trabalhar e morar, e isso deu origem ao processo de favelização. A sociedade atual é reflexo desse abandono do Estado para com os negras, pois anos de passaram e ele ainda continua sendo marginalizado.
O governo federal, com a lei contra o racismo e a política de cotas raciais, tenta reverter esse quadro de abandono. Porém, isso ainda é pouco visto que uma parte da sociedade nega esse direito e que um número expressivo da população carcerária, por exemplo, é composta por negros, reflexo do abandono histórico.
Portanto, para resolver essa problemática, é mister a participação da sociedade, conscientizando os mais novos sobre o respeito às diferenças para que as crianças de hoje cresçam com isso em mente. São necessárias também, por parte do Estado, campanhas maciças nas escolas, além de mais rigor na aplicabilidade da lei contra o racismo.

Texto escrito pelo aluno Sidcley Felix dos Santos do 3º Ano vespertino do Colégio Estadual Eduardo Silveira.

Filtro dos sonhos



De manhã, quando acordava, Ariel olhava para o teto imaginando como seria o dia, sem ânimo para vivê-lo. Ela levantava e, bocejando, desejava bom dia para sua mãe - apenas por mera formalidade. Em seguida, por costume, pedia a benção.

Ao sair de casa, com os primeiros raios solares que tocavam a sua pele esbranquiçada, sentia, indiretamente, um vago entusiasmo para prosseguir em seu caminho.

Ariel era dona de cabelos longos, negros como a noite, e olhos grandes de cor escura que, além de demonstrarem uma profunda tristeza, transmitiam também uma doçura incompreensível. Assim como seus pensamentos, confusos e agitados, que, às vezes, nem ela os compreendia. Seus lábios entreabriam-se para falar com pesar. Seus movimentos pareciam limitados à sua própria visão. Ariel sentia um vazio e, silenciosamente, durante as madrugadas, debulhava-se em prantos.

No verão passado, a morte chegou para duas pessoas em sua família, pelas quais ela possuía imenso respeito e admiração, pois tinha sido elas que ajudaram em sua criação: não teria mais suas queridas avós. Ariel se viu perdida em uma escuridão que ela própria havia criado, numa tentativa frustrada de fugir dessa realidade. Ela as amava.

Era difícil aceitar o que havia acontecido. Foram perdas significativas que deixaram um lugar vago em sua vida; de modo que ela buscava compreender. Contraditório. Se não há aceitação, que dirá entendimento. No entanto, ela tentava. Escondia sua tristeza e vulnerabilidade, mascarando-se, querendo refugiar os sentimentos com um sorriso que não lhe pertence, para evitar questionamentos alheios desnecessários. Procurava persuadir seu interior a almejar somente coisas que lhes faziam bem: estudos, amigos, leitura, música, sua mãe... E tentava se desprender do triste acontecido que tanto a abalou.

Assim, ela alcançava o bloqueio desses maus pensamentos de forma produtiva e aumentava seu conhecimento, fazendo de si um cemitério de memórias.

Seu sorriso já não brilha como antes. Sua mente está cruelmente maltratada. Ao menos ela executa o grande conselho que lhe foi dado pelas falecidas: __ é preciso determinação para recomeçar após entraves que venham a surgir na vida. A morte é uma das maiores barreiras. Quem sabe a maior! difícil de superar. Mais difícil ainda de compreender.

Entretanto, todos sabem que, paralelo à vida, há a morte. É inevitável. Ela sempre estará presente. Ou não?!




Texto escrito pela aluna Laira, do 3º Ano matutino do Colégio Estadual Eduardo Silveira.

Dias perdidos



Uma menina de olhos e cabelos cor de mel e que tinha quatro irmãos. Assim era Lua; filha de pai lavrador e mãe dona-de-casa. Lua nasceu no interior de uma cidadezinha do agreste nordestino, em 1996.

Quando criança, tinha a fama de “cabeça de vento” entre seus familiares. Era sonhadora e imprevisível, adorava fazer novas descobertas. Inteligente, mas pouco fazia dessa ferramenta. Deixava-se levar por quaisquer comentários e situações que a agradassem; garota ingênua. Não aproveitou muito sua infância, pois, desde cedo, fora educada para o trabalho.

Aos 14 anos uma amiga lhe apresentou um rapaz chamado João, pelo qual ela sentiu um forte interesse e criou uma afeição. Então, começaram a namorar. João contou a ela que tinha alguns problemas de saúde: depressão e hepatite, e, após três meses de namoro, ele começou a ter crises das mais variadas; chegou a quebrar as coisas do quarto dela, perder a memória e não saber como comer ou utilizar o banheiro. Lua continuou forte e cuidou dele até que a memória voltasse.

Depois de algum tempo, João teve de ir a Salvador para trabalhar e ela começou a entrar em um novo mundo, de eventos e passeios. Conheceu novas pessoas e a liberdade. Ela quis trazê-lo para este mundo. Ideia perdida; ele não gostava dos novos amigos dela.

Assim, Lua foi se afastando e a mãe dela se apegando cada vez mais a João. Esse contexto seguiu-se por três anos, com um namoro frio e sem demonstração de amor, de ambas as partes. Decidiram terminar. Para ela havia acabado, mas para ele não. João decidiu que queria se casar com ela de toda forma, deixando-a assustada e com medo.

Sem muito esperar, Lua foi para a casa de sua prima em outra cidade, e lá conheceu mais duas pessoas, que se tornaram suas amigas e lhe acolheram muito bem, mas também a convidaram para o mundo das bebidas alcoólicas. Momento difícil; Lua havia se apaixonado por uma dessas pessoas. O nome dele era Felipe.

Felipe, um jovem de 19 anos, vindo de uma família de classe média, dizia estar também apaixonado por ela. Mas mentia sobre os seus sentimentos; na verdade, ele queria aproveitar de sua ingenuidade e se divertir com ela. Lua foi avisada várias vezes sobre essa situação, mas não deu ouvido, estava fascinada. Apaixonada. Ninguém podia fazer nada, a não ser ela mesma. Então todos a observavam, esperando ampará-la em sua difícil decisão de enxergar a decepção amorosa. Não demorou muito e foi o que aconteceu.

Sua mãe logo soube e resolveu prendê-la em casa, querendo que ela se esquecesse desse rapaz da outra cidade, de todos os lugares e eventos que ia, e se casasse com João. Ainda por causa da doença, João morou um tempo em sua casa, pois regrediu mentalmente e não queria ir embora. Recentemente acabou comprando um terreno bem próximo e vive sempre por lá.

Essa situação perdura até os dias de hoje. Pra piorar, o casamento de seus pais está quase destruído, devido a brigas e discussões desnecessárias que ocorrem diariamente. Coisa de desestrutura conjugal mesmo. Mas a culpa é jogada em Lua, pois sua mãe deseja ardentemente vê-la deixar os estudos e se casar com João.

            A jovem Lua, hoje com 18 anos, está sendo consumida pela angústia e medo. Sente-se muito mal, e durante algumas noites se embebeda até vomitar, chorando descontroladamente escondida de todos; a menina de olhos de cabelos dor-de-mel está se tornando depressiva e alcoólatra. Ainda é apaixonada por Felipe, mas tem consciência de que ele a enganou, e não quer mais se ferir. Apesar de ter vontade de ser independente, Lua é fraca e, possivelmente, irá ceder. Mesmo sem amar João, vai casar, para acatar as exigências da mãe. 

 Texto escrito pela aluna Laira, do 3º Ano matutino do Colégio Estadual Eduardo Silveira.


Seis anos



O tempo te levou

Para longe do meu ver.

Os dias foram passando

E levaram uma parte do meu ser



A amizade que entre nós existia

Parecia ter morrido.

A distância foi levando

A paixão de dois amigos.



A ternura da infância

É a proeza no infinito que,

Com a magia da amizade,

Tornou-se um amigo querido.



Aquele tempo de criança

Era mais que lindo,

Com o amor que eu sentia,

Mas que não iria ser dito.



O amor de uma criança

É o sentimento verdadeiro.

Apesar das maldades que eu tinha lhe feito,

O que eu pensava que se foi,

Após 6 anos, voltou

Parecendo que um dia

Nunca se separou

As dúvidas surgem

E os segredos são descobertos,

Pois aquele sentimento

Os dois tinham encoberto



Conversa vai

Conversa vem.

E sempre em mim

Aquela angustia em saber:

Será que aquela paixão de Criança

Acaba de Renascer?!


 Texto escrito pela aluna Rayane, do 2º Ano vespertino do Colégio Estadual Eduardo Silveira.

Sublimação da realidade



Convite íntimo que me leva à desordem,

Teu reflexo me conduz ao tormento

Sádico tempo que não me traz alento,

Mas meus pensamentos incautos sempre me acolhem.



Olhares insanos alternam-se com a covardia

E eu me lanço no cais de te querer.

Espero para desvendar teus mistérios ao amanhecer

E delirar com toda tua complexidade e ousadia.



Sem saber que é tão fugaz a felicidade,

Minha alma inocente deseja conjugar o amor

E te mostrar minha bondade em meio a tanta calamidade.

 Texto escrito pela aluna Vitória, do 3º Ano matutino do Colégio Estadual Eduardo Silveira.

O preço do álcool



A garotinha caminhava saltitante pela praça, cabelos soltos e um cata-vento na mão - tinha acabado de ganhar do pai – quando se deparou com a figura de um homem sentado em um banco. Era um homem de preto, segurando uma rosa vermelha e cabisbaixo.

Aproximou-se daquele homem e perguntou:

_ Está tudo bem, senhor? Ele ergue a cabeça sem dizer uma palavra sequer, mas uma lágrima escorre por sua face.

Preocupada, a garotinha volta a perguntar:

_ O que aconteceu para o senhor estar chorando? Então o homem solta a voz:

_ Tudo culpa minha! Tudo culpa minha! Meu Deus, perdi tudo que tinha! Se eu tivesse uma nova chance juro que faria tudo diferente. Prometo que nunca mais vou por uma gota de álcool na boca e dirigir um carro.

O homem levantou-se e a passos lentos começou a caminhar. A garotinha ficou sem entender aquela cena e o seguiu para ver aonde ele ia e o que iria fazer. Então o homem entra num cemitério que fica ali perto.

Chegando ao local, o homem olha para duas sepulturas de crianças e chora novamente. Continuou andando, parou em frente a outra sepultura, ajoelhou-se e sussurrou:

_ Me desculpe por tudo. Tenho sido um covarde e inconsequente, mas te amo muito. Por favor, onde você estiver cuide bem dos nossos filhinhos. E eu te juro que nunca mais vou beber.

Nesse exado momento, muito distante, em outra dimensão, a sua esposa fala para os quatro ventos que sopravam:

_ Tarde demais.


Texto escrito pela aluna Williane Lima Santana, do 9º Ano matutino do Colégio Estadual Eduardo Silveira.